#072

Restou-lhe apenas virar a folhinha do calendário.

#071

Com a loja lotada não pôde comprar os presentes de Natal, pois aquele vendedor que o chamava todos os dias quando ele passava  na calçada para ir ao trabalho, o desprezou.

#070

Formado na melhor universidade, não sabia andar de bicicleta.

#069

Espaço reservado para um microconto erótico.

#068

Da lua o chinês viu sua muralha e quis voltar.

#067

Sentia que era apenas mais um peixe naquela rede. Nada social.

#066

Após um tango de Gardel, prometeu dar-lhe o céu. E deu. Foram duas cravejadas de faca no peito.

#065

Provou a Monterroso que as bactérias já estavam lá antes do despertar dos dinossauros.

#064

A faca fincada entre as costelas era tão real quanto a dor que sentia por causa da traição.

#063

Não foi necessário o 'teste do sofá'. Já era uma atriz de sucesso quando resolveu dar para o diretor.

#062

O indicador era o mais novo companheiro da jovem senhora após a separação. Com a vantagem de ser abstêmio.

#061

A fofoqueira arrependida morreu lambendo o asfalto quente.

#060

Não sabia onde encontrar aquela mesma coragem, a do momento que saltou em queda livre com o paraquedas do avião, para declarar seu amor à colega de classe da faculdade.

#059

No confessionário da igreja. Esta foi a maneira mais prática que o ateu achou para desabafar.

#058

Misturou uma pequena dose de St.Remy com outra de Big Apple Bacardi para ver se a maçã madura anulava o azedo da maçã verde. Nenhuma conclusão a não ser a de que ficaria mais bêbado se continuasse com aquele tipo de experiência. Não que tivesse tornado um alcoólatra. Também não tinha nada contra quem achasse legal deixar o cú à revelia.

#057

Levou o time à final do campeonato e o afundou ali mesmo ao errar na cobrança do pênalti.

#056

Matou a professora de matemática durante uma aula particular de lógica e sentiu-se satisfeito, embora nunca tenha visto lógica nenhuma naquela aula, nem em seu ato irracional.

#055

Pediu cachaça para afogar as mágoas, mas no dia seguinte descobriu que elas sabiam nadar.

#054

Engasgou-se e morreu asfixiada com o doce que tornaria sua vida menos amarga.

#053

Concluiu que precisava acrescentar algo em sua vida. E acrescentou: uma bala fincada no crânio.

#052

Comprou os trinta minutos que a garota de programa ofereceu, mas não soube como usá-los. Tampouco imaginava que o produto não oferecia manual de instruções.

#051

O pastor prometeu o céu, porém não conseguiu levar a fiel ao motel.

#050

Voluntariou-se corajosamente e fixou os olhos nos do atirador de facas apenas para sentir a escalada da adrenalina ao imaginar  o desfecho daquela apresentação caso o artista sequer houvesse desconfiado que a mulher havia dormido em sua cama na noite anterior.

#049

Queria escrever um romance, mas preferiu vivê-lo.

#048

Imprevisível, era muito comum ser convidada para um almoço e ir embora antes de a comida ser servida.

#047

Era ateu convicto, porém durante a vida inteira a Bíblia nunca saiu da cabeceira: apreciava com devoção os elementos de retórica e os ensinamentos do livro.

#046

Tinha mania de arrumar tudo, mas para consertar uma coisa, sempre quebrava outra.

#045

Notou-se que o pai era mais calado que o filho quando este, em uma viagem de trem, perguntou para onde iam e o velho respondeu quatro horas depois, ao chegar no destino: - Aqui.

#044

Estava tão cansado que dormiria assim que deitasse naquela cama, não fosse o cadáver desconhecido e ensanguentado sobre o colchão.

#043

Estava encarcerado. Mas a cela não tinha grades. Eram apenas as quatro paredes da sala de estar.

#042

Era um menino entre dois dragões. Enquanto duelava com um, o outro o defendia.

#041

Difícil foi fechar os olhos do avarento. Mesmo depois de morto.